Saturday, June 23, 2012

Flannery O'Connor


"Em muitas universidades, você encontrará departamentos de teologia cortejando intensamente os departamentos de inglês. O teólogo está interessado especificamente no romance moderno porque ali ele vê refletido o homem de nosso tempo, o descrente, que está, no entanto, agarrado de uma maneira desesperada e geralmente honesta com problemas intensos do espírito.
Nós vivemos em uma era descrente, mas que é notável e desequilibradamente espiritual. Há um tipo de homem moderno que reconhece o espírito em si mesmo, mas que deixa de reconhecer um ser fora de si a quem possa adorar como Criador e Senhor; consequentemente, ele tem se tornado sua própria preocupação última. Ele diz com Swinburne “Glória ao homem nas alturas, pois ele é o mestre das coisas”, ou com Steinbeck “No fim era a palavra e a palavra estava com o homem”. Para ele, o homem tem seu natural espírito de coragem, dignidade e orgulho e deve considerá-lo um ponto de honra a ser satisfeito com isso.
(...)
Na melhor das hipóteses, nossa era é uma era de buscadores e descobridores e, na pior, uma era que tem domesticado o desespero e aprendido a conviver felizmente com ele. A ficção que celebra este último estado é a que tem menos chance de transcender suas limitações, pois quando a necessidade religiosa é banida com sucesso, ela geralmente atrofia, mesmo no romancista. O senso do mistério se esvai. Um tipo de evolução reversa se dá, e toda a gama de sentimento é embotado.

Os maiores dramas naturalmente envolvem a salvação ou a perda da alma. Onde não há fé na alma, há muito pouco drama."









.

No comments:

Post a Comment